quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dom Odilo toma a dianteira na PUC-SP. E a turba brada por “democracia”.

Por décadas o grão-chanceler apenas homologava o candidato mais votado para o cargo de reitor da PUC-SP. Contudo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer ousou tomar a dianteira da já incontrolável universidade e vetou o atual reitor, reeleito por alunos e funcionários que, por sua vez, clamam por democracia. Esqueceram apenas que se trata de uma Pontifícia Universidade Católica e que o grão-chanceler somente exerce legitimamente um múnus que lhe é próprio.

Estudantes da PUC-SP entram em greve e ocupam reitoria da universidade

Por Folha de São Paulo – Em assembleia realizada na noite desta terça-feira, os estudantes da PUC (Pontifícia Universidade Católica) São Paulo decidiram entrar em greve e ocupar a reitoria da universidade, localizada em Perdizes, zona oeste da capital paulista.
Os alunos questionam a nomeação da professora de letras Anna Maria Marques Cintra, 73, para o cargo de reitora da universidade.
Cintra ficou em terceiro lugar na votação entre estudantes, funcionários e professores. Mesmo perdendo, ela foi nomeada pelo cardeal Dom Odilo Scherer, grão-chanceler da instituição e presidente do Conselho Superior da Fundação São Paulo, órgão que administra a instituição.
A eleição, realizada em agosto, foi vencida por Dirceu de Mello, atual reitor da universidade. “A nomeação de Cintra é um desrespeito à tradição democrática da PUC”, diz o estudante Stefano Wrobleski, 22, membro do centro acadêmico do curso de jornalismo.
Segundo os estudantes, desde 1980 todos os vencedores das eleições para reitor assumiram efetivamente o cargo.
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‘Não podemos questionar a nomeação da nova reitora’, diz 2º colocado em eleição da PUC-SP

Por O Estado de São Paulo – Para o professor de Economia da PUC-SP Francisco Serralvo, segundo colocado na eleição para reitor da instituição, todos os candidatos entraram no processo ciente das regras. Em entrevista ao Estadão.edu, ele comentou a nomeação da professora de Letras Anna Maria Marques Cintra, escolhida na segunda-feira, 12, como a nova gestora da universidade pelo cardeal d. Odilo Scherer. A chapa de Anna Cintra foi a última colocada na consulta a alunos, docentes e funcionários.
“Obviamente existem diferentes posições. Há aqueles que gostariam que a vontade universal fosse respeitada, e é claro que poderia gerar um desconforto da comunidade”, disse Serralvo. Em protesto contra a nomeação, alunos da PUC decidiram em assembleia ocupar a reitoria.
As regras para a escolha do reitor na PUC-SP preveem eleição em que alunos, funcionários e professores votam. Uma lista tríplice segue para o cardeal, que tem a prerrogativa de selecionar um dos nomes. Tradicionalmente, o primeiro colocado é o escolhido.
Segundo Serralvo, é a primeira vez na história da universidade em que o terceiro colocado é selecionado para o cargo. O atual reitor, Dirceu de Mello, concorria à reeleição e ficou em primeiro lugar na votação.
“Sempre existiu a prerrogativa da escolha do cardeal. Obviamente que consultar a comunidade é um dos elementos, mas imagino que o cardeal tenha tido outros aspectos a considerar”, afirmou Serralvo.
Ele disse ainda que esse é um processo que não se pode questionar. “Se o cardeal explicasse a escolha, poderia contribuir para a compreensão geral, mas isso fugiria à sua esfera de competência”, comentou. Segundo ele, também há de se notar que a lista com os indicados foi encaminhada há mais de 30 dias, e que a comunidade reagiu com tranquilidade e naturalidade aos nomes.
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Com 73 anos de idade e 46 de docência na PUC-SP, a professora Anna Maria Marques Cintra, do programa de Pós-Graduação em Língua Portuguesa e ex-vice-reitora acadêmica, foi nomeada na segunda-feira, 12, reitora da instituição. Qualificada como “católica praticante” pelo jornal O Estado de São Paulo, publicamos a seguir umexcerto da entrevista concedida ao jornal:
A nova reitora da PUC-SP.
A nova reitora da PUC-SP.
Mas, no ano passado, o reitor suspendeu as atividades acadêmicas por um dia para evitar a realização de um festival da maconha.
Isso tem de ser discutido do ponto de vista da legislação e da função do espaço da universidade. Se puder, faz. Se não, não faz. Mas é preciso habilidade para resolver na conversa.
No início do ano, um bispo de Guarulhos defendeu que docentes com ideias contrárias às da Igreja Católica não devem lecionar na PUC. Qual sua opinião?
A universidade é lugar de produção de conhecimento e, como tal, pode discutir qualquer assunto. Como católica, acho que a própria Igreja pode entrar no diálogo, com as suas posições.
O professor deve ser livre para dizer que é favorável ao aborto?
Sim. Só não pode incitar, obrigar o aluno a aceitar suas ideias.
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Cardeal deve justificar opção pela nova reitora da PUC-SP, defende comissão eleitoral

Por O Estado de São Paulo – Para o presidente da comissão eleitoral para a escolha do reitor da PUC-SP, professor Marcio Camarosano, o cardeal d. Odilo Scherer deve justificar à comunidade acadêmica por que escolheu a professora Anna Cintra. Ela ficou em terceiro lugar na consulta feita a alunos, professores e funcionários, em agosto.
“A universidade escolheu sua preferência na votação, mas sabemos que o cardeal não está obrigado a nomear o primeiro colocado. Só resta saber como a comunidade vai aceitar a decisão da Igreja”, diz ele, que é professor de Direito da universidade. “Apesar da prerrogativa, houve uma inobservância da tradição.”
O Estado tentou falar com o candidato mais votato e atual reitor, professor Dirceu de Mello, mas ele não foi encontrado. Questionada, a Assessoria de Imprensa da PUC-SP informou que ele não iria se manifestar neste momento.
O professor Dirceu de Mello tentava a reeleição. Ele também é professor do curso de Direito. O outro candidato, professor Francisco Serralvo, ficou em segundo lugar.

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