segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O Perigo da Superexposição na web



Por Daniel Machado
produtor do Destrave
Todos nós sabemos que a web 2.0, como blogs e redes sociais, nos
 proporcionam um mundo de possibilidades sem fronteiras. A todo
 momento, novas amizades são realizadas, milhares de fotos e vídeos
 são compartilhados e, cada vez mais, as pessoas – conhecidas
ou não – sabem dos nossos gostos, crenças, opiniões e até
sobre nossa intimidade em apenas um click. Mas o que acontece
 quando este comportamento estrapola os limites da privacidade?
Será que não estamos abrindo as janelas do nosso sagrado para
 que o mundo tenha acesso?
“Eu sempre digo que rede social é espaço público. O que você 
não faria e não falaria na rua, não faça e não fale nas redes sociais”,
diz a especialista e palestrante internacional sobre Marketing
Digital, Martha Gabriel. Segundo Martha não faz sentido ficar
 postando, o tempo todo, o que estou fazendo, onde e por quê.
“A gente tem de pensar muito no ‘por que’ está colocando
aquela informação no ar, pois, às vezes, estamos nos expondo
 para correr riscos depois; e isto dá poder para as pessoa
 nos manipularem”, explica a especialista.
Confira abaixo a entrevista com Martha Gabriel
 sobre os perigos da superexposição
 

A verdade é que com as plataformas on-line de relacionamentos,
o ser humano  deu vasão ao seu desejo mais profundo: de se
 relacionar. No entanto, este comportamento pode esconder
 problemas de cunho psicológico como carência afetiva, desejo
 de status e poder. É como se a pessoa pudesse medir o 
seu grau de importância e auto-estima pelo número de
 seguidores e pelo feedback que seu ‘amigos’ na rede lhe oferecem.
“Muito se fala no Brasil de inclusão digital, mas pouco se fala de educação digital” Martha Gabriel
“Hoje, as novas tecnologias estão
dando às pessoas um status que
 elas não tinham. Então, o fato
de ter milhares de seguidores,
 de possuir a mais nova
 tecnologia como celular,
tablet, etc., está dando a elas
 o possibilidade do ‘ter’. Então,
 elas acabam esquecendo de
‘ser’ neste mundo virtual”, explica Renata Maransaldi, que
 integra o projeto ANJOTI da Associação Viver Bem, a qual
auxilia no tratamento de pessoas com Transtornos do
Impulso, como vício em jogos, compras e internet.
A superexposição no trabalho
A superexposição pode arrasar a vida profissional
 de uma pessoa. Em abril deste ano, uma enfermeira
 de Olinda (PE) postou uma foto em seu Orkut onde
 aparecia numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
 junto à sua equipe, num clima de alegria e
confraternização. O problema é que o hospital
não entendeu desta forma e a funcionária foi
 demitida por justa causa, com alegação de que as
fotos geraram comentários de mau gosto e
 exposição sem autorização de funcionários e
pacientes. O Tribunal Regional do Trabalho da
6ª Região de Pernambuco concordou com os
 argumentos do hospital.
“Imagine se uma pessoa apresenta um atestado
dizendo que não pode trabalhar, mas quando seu
 chefe vai checar o Facebook dela, na verdade ela
estava na praia ou fazendo algo que mostre que ela
não estava doente. Isto já pode ser usado contra ela
na justiça”, explica Martha Gabriel.
Educação digital é a solução
A superexposição está aí e devemos, cada vez mais,
conviver com este fenômeno, o qual é ao mesmo tempo
 virtual e humano. Mas o que fazer se já estamos
mergulhados neste mar de possibilidades on-line?
“Muito se fala no Brasil de inclusão digital, mas 
pouco se fala de educação digital. Se nós incluirmo
s sem educar, vamos estar colocando uma arma 
nas mãos das pessoas contra elas mesmas”, 
conclui Martha Gabriel.
Sagrado é, etimologicamente, aquilo que o mundo
não tem acesso. Todo ser humano tem o seu
espaço sagrado, reservado, intocável e inviolável,
mas se não expandirmos este conceito para
nossos perfis na rede, vamos sofrer um colapso
de identidade, seja ela digital ou humana.

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